Envelopamento de sinal: a arte de ouvir o que os rolamentos tentam dizer

Fique por dentro das novidades através de nosso blog.

AdobeStock

Na análise de vibrações mecânicas, especialmente em equipamentos de rotação baixa como os cilindros secadores de máquinas de papel (tipicamente operando a 40 RPM), o envelopamento do sinal vibratório é uma técnica indispensável para detectar falhas incipientes em pistas e elementos rolantes. Quando executada com critério, essa técnica permite revelar sinais sutis de degradação — como microfraturas ou descascamentos — que seriam invisíveis nas formas de onda brutas (sinal no tempo), ou mesmo em espectros de frequência convencionais.

O que é envelopamento?

O envelopamento consiste em extrair a modulação de amplitude de um sinal de vibração. Em outras palavras, trata-se de “envelopar” a forma de onda para revelar impactos periódicos associados a falhas mecânicas nos componentes internos dos rolamentos, como pistas, esferas ou roletes.Essa modulação é frequentemente mascarada pelo ruído de fundo, especialmente em máquinas de grande porte, onde a energia da falha é muito baixa em relação à energia estrutural , que age como onda portadora do sinal da falha.

A transformada de Hilbert

Para realizar o envelopamento com precisão, a transformada de Hilbert é amplamente utilizada. Trata-se de uma ferramenta matemática que converte um sinal real em um sinal analítico, possibilitando a construção do envelope através do cálculo da magnitude instantânea. Na prática, esse processo gera uma curva que representa a variação de energia dos impactos ao longo do tempo — a assinatura da falha.

Anterior
Próximo

A importância dos filtros

Nenhum envelopamento será eficaz se não for precedido por uma filtragem adequada. É essencial isolar a faixa de frequência onde ocorre a ressonância natural da estrutura do rolamento, pois é nessa faixa que os impactos são amplificados. Um filtro passa-banda mal ajustado pode resultar em um envelope ruidoso ou até mascarar completamente a falha. A faixa ideal de filtragem varia conforme o tipo de máquina, geometria do rolamento, e rigidez estrutural do conjunto, o que torna a escolha do filtro uma tarefa que exige mais do que conhecimento teórico, exige muita experiência e experimentação.

O fator crítico: a experiência do técnico

É aqui que entra a diferença que a experiência prática e a experimentação contínua fazem no campo. Técnicos experientes que atuam com análise de rolamentos em máquinas de papel sabem que não existe uma única “receita de bolo” para o set-up de medição.Um profissional habilidoso será capaz de:

  • Ajustar com precisão o posicionamento dos acelerômetros para evitar nós modais;
  • Selecionar corretamente a faixa de filtro passa-banda com base nas respostas em frequência;
  • Determinar a frequência de amostragem e o tempo de captura ideais para rotações extremamente baixas;
  • Repetir medições com diferentes parâmetros até “ouvir” o sinal escondido sob o ruído estrutural.

Esse domínio sensível da técnica — que une física, experiência de campo e intuição — faz a diferença entre identificar uma falha no início de sua formação ou deixar que ela evolua até a falha catastrófica. Detectar falhas em rolamentos de cilindros secadores em baixa rotação requer mais que tecnologia: exige o domínio refinado do envelopamento do sinal vibratório e filtros da banda de frequência ressonante , muito bem definidos. Mas acima de tudo, exige o olhar atento de um especialista que sabe interpretar a linguagem das máquinas — um talento que se desenvolve com prática, paciência e curiosidade , e que só vem com o tempo de experiência.

;