Em 13 de setembro de 1987, Goiânia foi palco de um dos maiores acidentes radiológicos da História, e o maior já registrado fora de uma usina nuclear. Tudo começou quando dois catadores de recicláveis, sem saber do risco que corriam, retiraram e desmontaram parte de um aparelho médico de radioterapia abandonado em uma clínica na cidade.
O equipamento continha uma cápsula selada num cabeçote de chumbo. No interior dessa cápsula estavam 19 gramas de um pó branco, que exibia um brilho azulado durante a noite. A substância, extremamente perigosa, era o Césio-137 — um material radioativo que emite radiação gama, altamente penetrante e capaz de causar graves danos às células e ao DNA dos organismos vivos.
Brilho perigoso
Sem conhecimento dos riscos, os catadores venderam as peças a um ferro-velho local. Ali, o material foi ainda mais manuseado e fragmentado, o que contribuiu para que o pó radioativo se espalhasse ainda mais. Um dos parentes do dono do ferro-velho, fascinado pelo brilho, levou fragmentos da substância para sua casa, o que acabou ampliando o número de pessoas expostas à radiação.
Com o passar dos dias, sintomas começaram a surgir entre aqueles que tiveram contato com o material. A gravidade da situação só foi descoberta quando a esposa do dono do ferro-velho levou parte do equipamento à Vigilância Sanitária Estadual, onde foi confirmado que se tratava de uma contaminação por Césio-137.
Ao todo, 249 pessoas foram oficialmente contaminadas, sendo que 129 apresentavam vestígios do material radioativo tanto no interior quanto na superfície do corpo. Segundo a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), 49 pessoas precisaram ser hospitalizadas, com 20 delas em estado grave.
Vítimas
O acidente também resultou em quatro mortes confirmadas. A primeira vítima foi Leide das Neves, uma menina de apenas 6 anos, que entrou em contato com o material ao brincar com a substância brilhante. Outros membros da mesma família e funcionários do ferro-velho também perderam a vida nos dias seguintes devido à exposição intensa à radiação.
Após a confirmação do acidente, foi realizada uma enorme operação de descontaminação na cidade. Aproximadamente 6 mil toneladas de resíduos potencialmente contaminados foram recolhidas e transportadas para a unidade do Cnen em Abadia de Goiás, onde foram acondicionadas em grandes estruturas de concreto. Mesmo décadas depois, ainda levará cerca de 200 anos para que toda a radiação desses resíduos seja completamente dissipada.
Hoje, o nível de radiação em Goiânia está dentro dos padrões normais, mas o acidente permanece como um alerta global sobre os riscos do manuseio inadequado de materiais radioativos e a importância do descarte e controle corretos desses equipamentos.
Acidentes como o do Césio-137 evidenciam a importância da manutenção, inspeção e monitoramento de equipamentos e instalações industriais. Na Semapi, o trabalho preventivo e preditivo tem exatamente esse objetivo: identificar riscos ocultos, antecipar falhas e preservar a segurança de pessoas, ativos e processos.
A atuação especializada em inspeções técnicas e manutenção de alta confiabilidade contribui diariamente para evitar que pequenos desvios evoluam para situações de alto risco, protegendo tanto o ambiente industrial quanto a sociedade.
Com informações de: G1.